segunda-feira, junho 29, 2009

Roberto Bellini: visibilidades desviadas

“Tento trabalhar muito com a imagem e não o que está acontecendo na imagem”. Dessa forma Roberto Bellini resumiu a sua forma de trabalho, em conversa com o público presente na mostra “Visibilidades desviadas”, que exibiu seis trabalhos dele no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes. Essa maneira de produzir imagens, que é um aspecto forte do seu trabalho, Bellini credita à sua formação em artes plásticas. “Pela minha formação, eu tendo a trabalhar outras conexões da imagem”, disse.

Bellini também considera preponderante para os seus vídeos o trabalho de edição. “A edição é onde o trabalho acontece”. O diretor também agradeceu todos os colaboradores de seus vídeos. “A sensibilidade que existe na edição é muito por causa da Clarissa Campolina, por exemplo”. Bellini comentou que os vídeos exibidos na mostra, que contemplam três anos da sua carreira, apresentam uma mudança do aparato técnico e de conhecimento teórico colocados em prática na realização dos vídeos. “A sensibilidade vai se formatando”.

Confira, abaixo, as principais declarações do artista:

Acéphale, instalações e motéis
“Em Acéphale eu e Suzana Bastos tentávamos entrar no improviso, de pagar o quarto de motel e tentar ali criar uma situação. Tentamos criar algumas relações com coisas orgânicas, com o corpo. A edição do material é de certa forma um resumo do que foi a instalação. Instalação depende muito do dia, se tem luz, se tem muita gente, do conjunto de trabalhos que fazem parte da exposição.... Em uma sala de cinema, você conta com a dedicação exclusiva do público. Na instalação você não tem como prever muito as coisas.”

Cordis, instinto e edição
“Em Cordis a morte é uma coisa muito forte no meio de coisas que são muito sutis. Eu quis causar esse impacto. Muitas escolhas nesse vídeo foram de instinto, por isso eu valorizo a edição, que é o lugar onde eu retomo o controle. Às vezes tirar uma informação na edição, meio segundo, é suficiente para que a imagem tenha o efeito e o impacto que eu busco.”

Planejamento
“Cada vez mais eu quero saber menos do que eu quero dizer, aprecio mais o encontro com o lugar ou situação que vou filmar. Eu planejo muito pouco. Tudo o que você não planeja é mais interessante. Eu sei mais o que eu não quero do que o que eu quero. Eu fui parando de querer inventar, eu gosto de sair, encontrar algo e ver como vou lidar com a situação.”

Desenho
“Eu perdi um pouco o interesse de criar dessa maneira, apesar de ainda gostar muito de desenhar, pois isso implica um certo gasto de tempo e de planejamento”.

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