terça-feira, novembro 11, 2008

CORPIMAGEM: campo, agenda, ações, vídeo e dança

O projeto Imagem Pensamento retomou suas atividades com a mostra CORPIMAGEM, exibida no dia 08 de novembro no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes. Os nove trabalhos que compuseram a exibição foram comentados pela professora da PUC-SP e crítica de dança Helena Katz. Confira, abaixo, um resumo do que foi debatido.

Um campo e sua agenda de ações
Para analisar a mostra, Katz trouxe o conceito de campo político, desenvolvido pelo filósofo Francisco de Oliveira. Segundo a pesquisadora, nas artes existe uma discussão a respeito da delimitação de campos (pintura, vídeo, escultura, etc.). “Um campo está montado quando existe uma agenda de ações”, diz Katz. Ela entende que existe uma agenda de ações quando a imagem é o corpo. “Quando a gente identifica essa agenda, quem a propõe coloca todo mundo em relação em torno dela”, prossegue a pesquisadora. “É em torno dessa agenda que o campo irá se mover”.

Os vídeos e seus tempos
Segundo Katz, os trabalhos exibidos na mostra CORPIMAGEM fazem parte de um recorte histórico bem amplo. Esse percurso grande, segundo ela, demonstra como cada vídeo carrega em si os entendimentos de cada um desses tempos. Sobre essa questão, Katz traçou algumas linhas que, para ela, facilitaram o entendimento de quais ações agendariam o campo ali proposto.

Língua própria
“É a imagem se constituindo com uma língua própria”

Proximidade
“Existe a questão da Proximidade, quando a imagem se aproxima do corpo: o que interessa quando a imagem vai fazer a língua de um corpo?”

Paisagem
“Outra ação é o corpo como Paisagem, a imagem que se sobrepõe e o corpo que é e está na paisagem.”

Acumulação
“A repetição de movimentos, a partilha e acumulação de partes. É uma idéia trabalhada nos últimos 10, 15 anos”

Extensões
“O corpo como extensão. Que extensão o corpo pode ser? Continuidade de um outro corpo?”

Edição
“Trabalhos independentes daquilo que contam, o que sobrepõe é a edição, o trabalho se apresenta pela edição e não o que a edição está editando”

Deslocamento
“Não é para desestabilizar, apenas deslocar”

Segundo Katz, esses sete temas que ela propõe como agenda são ações que normatizam um campo.

Percepção

De acordo com Helena Katz, as tensões entre corpo e imagem estão sempre cercadas pela percepção. “A percepção não é uma coisa que nos acontece”, diz Katz. “A percepção é algo que o nosso corpo faz dentro do que ele pode fazer”. Para ela, essa limitação que todos possuem é que faz com que recortemos o mundo. O mundo é um pedaço possível, pois existe uma limitação que é cultural e também uma que é biológica. “Essas limitações são as ações que me fazem inventar o mundo”, diz. “É pelo diznso que a gente vê como o mundo é inventado”

Vídeo-dança
Respondendo a uma pergunta da platéia, Helena Katz falou sobre qual campo se constitui hoje na relação entre o corpo e a imagem. “Existe o desejo de constituir um campo de trabalhos de dança feitos para o vídeo, a vídeo-dança”, diz. “É um campo bem próximo da dança contemporânea, onde a imagem é centrada na materialidade do corpo”.