Suspensão – Tempo, Paisagem, Performance, TV: Vídeo
Por Alevi Ferreira
A mostra “Suspensão – Tempo, Paisagem, Performance, TV: Vídeo”, apresentada dia 25 de agosto no Cine Humberto Mauro contou com os comentários do professor do curso de Arquitetura da UFMG e crítico de arte Stéphane Huchet. O professor abriu o debate com um comentário a respeito de cada um dos vídeos exibidos. Sobre a obra de Antonio Muntadas “Video is television?” (1989), Huchet disse que o vídeo apresenta o conjunto de discursos sociológicos produzidos à época (1989). “Além disso, o vídeo de Muntadas é um fluxo eclético onde todas as imagens se equivalem”, diz. Para ele, Muntadas demonstra que essa equivalência faz com que as imagens sejam meras mercadorias. Para Huchet, essas imagens, mesmo tornadas mercadorias, ainda sim são imagens: guardam uma potência que pode escapar ao discurso redutor imposto pela mídia.
Em “The Fall”(2004), de Mel O’Callaghan, vídeo que abriu a mostra, Huchet destacou a poética da imagem, o artifício que transforma a imagem em vegetação. “É o sublime e o grotesco, como no romantismo”, disse.
Para Stéphane Huchet, o vídeo de Gabriela Golder, “Vacio”(2005), foi o mais tocante. “É o trabalho mais silencioso, o mais lento, o mais suspenso e o que nos diz mais coisas”, diz. Para ele, o vídeo trabalha com uma noção de tempo pré-moderna, remetendo a uma temporalidade mitológica. Além disso, Huchet ressaltou a questão do olhar no vídeo. “Aquilo que nos olha nesse vídeo é de uma força assustadora”, diz, lembrando Georges Didi-Huberman em “O que vemos, o que nos olha”. “Demonstra a fascinação do olhar do animal, capaz de manifestar o vazio”.
Sobre o vídeo de Dima El-Horr, “9 Years Later” (2004), Huchet ressaltou a força das construções gráficas da obra. Para ele, a verticalidade das árvores a horizontalidade da paisagem permitem uma fuga icônica e formam uma beleza musical.
Para Huchet, “Eu desisto”(2004), de Roberto Bellini, apresenta o toque lírico da relação entre o desenho e o cinema, além de mostrar, de forma acentuada, o universo pictórico pronunciado. Sobre “Pure Reality”(2001), de Gert Hatsukov, Huchet discordou da exibição legendada da obra, que é um vídeo sem imagens, mas com áudio. Para Huchet, entender o que se fala serve apenas para uma função ilustrativa que não interessa para a fruição da obra. “Não precisa de legenda”, disse. “Quando a voz vira texto, muda a relação”. Esse também foi o ponto destacado no trabalho de Mona Hatoum, “Measures of Distance”(1988).
A respeito de “I'm Not The Girl Who Misses Much” (1986), de Pipilotti Rist, Huchet fez alguns apontamentos a respeito da velocidade do vídeo, como um “palimpsesto generalizado”, fazendo com que ocorra um ajuste na temporalidade. Sobre a imagem, um borrão que não permite distinguir os traços da artista, Huchet destacou a questão da figuralibidade. “Como as imagens surgem em nós?”, perguntou. “No vídeo, vemos a impossibilidade de uma figura se firmar”. Para Eduardo de Jesus, que fez a mediação do debate, tanto a repetição da voz quanto da imagem são uma estratégia da artista também para subverter a lógica da repetição imposta pela música pop. “O vídeo parece um videoclipe falido, que não cumpre a lógica imposta pela indústria pop”, disse.
Além das observações de Stéphane Huchet, várias pessoas na platéia fizeram perguntas e teceram comentários sobre os vídeos exibidos principalmente sobre a forma como viabilizam processos de suspensão em torno da imagem e do olhar, que por vezes, como no trabalho de Golder, acentuam o vazio.
Em “The Fall”(2004), de Mel O’Callaghan, vídeo que abriu a mostra, Huchet destacou a poética da imagem, o artifício que transforma a imagem em vegetação. “É o sublime e o grotesco, como no romantismo”, disse.
Para Stéphane Huchet, o vídeo de Gabriela Golder, “Vacio”(2005), foi o mais tocante. “É o trabalho mais silencioso, o mais lento, o mais suspenso e o que nos diz mais coisas”, diz. Para ele, o vídeo trabalha com uma noção de tempo pré-moderna, remetendo a uma temporalidade mitológica. Além disso, Huchet ressaltou a questão do olhar no vídeo. “Aquilo que nos olha nesse vídeo é de uma força assustadora”, diz, lembrando Georges Didi-Huberman em “O que vemos, o que nos olha”. “Demonstra a fascinação do olhar do animal, capaz de manifestar o vazio”.
Sobre o vídeo de Dima El-Horr, “9 Years Later” (2004), Huchet ressaltou a força das construções gráficas da obra. Para ele, a verticalidade das árvores a horizontalidade da paisagem permitem uma fuga icônica e formam uma beleza musical.
Para Huchet, “Eu desisto”(2004), de Roberto Bellini, apresenta o toque lírico da relação entre o desenho e o cinema, além de mostrar, de forma acentuada, o universo pictórico pronunciado. Sobre “Pure Reality”(2001), de Gert Hatsukov, Huchet discordou da exibição legendada da obra, que é um vídeo sem imagens, mas com áudio. Para Huchet, entender o que se fala serve apenas para uma função ilustrativa que não interessa para a fruição da obra. “Não precisa de legenda”, disse. “Quando a voz vira texto, muda a relação”. Esse também foi o ponto destacado no trabalho de Mona Hatoum, “Measures of Distance”(1988).
A respeito de “I'm Not The Girl Who Misses Much” (1986), de Pipilotti Rist, Huchet fez alguns apontamentos a respeito da velocidade do vídeo, como um “palimpsesto generalizado”, fazendo com que ocorra um ajuste na temporalidade. Sobre a imagem, um borrão que não permite distinguir os traços da artista, Huchet destacou a questão da figuralibidade. “Como as imagens surgem em nós?”, perguntou. “No vídeo, vemos a impossibilidade de uma figura se firmar”. Para Eduardo de Jesus, que fez a mediação do debate, tanto a repetição da voz quanto da imagem são uma estratégia da artista também para subverter a lógica da repetição imposta pela música pop. “O vídeo parece um videoclipe falido, que não cumpre a lógica imposta pela indústria pop”, disse.
Além das observações de Stéphane Huchet, várias pessoas na platéia fizeram perguntas e teceram comentários sobre os vídeos exibidos principalmente sobre a forma como viabilizam processos de suspensão em torno da imagem e do olhar, que por vezes, como no trabalho de Golder, acentuam o vazio.
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