A Geologia Abstrata de Robert Smithson
Por Alevi Ferreira
No dia 20/05, apresentamos em duas seções a mostra “A Geologia Abstrata de Robert Smithson”. Principal nome da Land Art, Robert Smithson (1938-1973), tem uma obra que, segundo o filósofo Nelson Brissac, se caracteriza por seu interesse pelos processos geológicos e industriais que afetam a paisagem. “É o artista cujo trabalho mais se relaciona - conceitual e operacionalmente - com a mineração”, afirma. “Os primeiros trabalhos tratavam da estrutura dos cristais e suas relações com o pensamento e as paisagens”. Extremamente intelectualizado, o artista também produzia textos teóricos, onde relacionava o seu pensamento artístico com os seus estudos geológicos. “Pode-se falar que ele foi um artista da informação”, afirma Brissac.
Curiosamente, o primeiro vídeo apresentado, “East Coast, West Coast” (22’, 1969), é um retrato irônico de um debate artístico no qual o artista estava inserido no final dos anos 60. Se a costa leste americana, simbolizada no vídeo por Nova York, estava mais preocupada com uma produção artística conceitual, baseada em sistemas e em estudos aprofundados (notadamente a forma com Smithson trabalhava), a costa oeste, representada por Los Angeles, apresentava uma produção artística mais intuitiva, no estilo hippie, onde seria preciso apenas deitar na grama e captar a sensação para se ter a obra. Enquanto Nancy Holt interpreta a artista conceitual nova-iorquina, Smithson veste as roupas do inimigo e assume o papel do artista que se pauta somente nos seus sentimentos. Intimamente relacionado com um primeiro movimento da história do vídeo, aquele da performance, o trabalho demonstra com grande potência, ainda hoje, um debate crucial para as artes plásticas.
A segunda obra, “Spiral Jetty” (35’, 1970), apresenta a construção e o corpo teórico do trabalho mais conhecido de Smithson. Longe de ser um documentário, este filme é, para Eduardo de Jesus, um filme-ensaio, onde é possível conhecer um dos fragmentos que compõem o Spiral Jetty. Segundo Brissac, a forma como o espiral foi construído, em um lugar totalmente afastado, de difícil acesso, faz com que não apenas o espiral no lago seja a obra: o filme, os textos teóricos e as fotografias são formas de se experimentar a obra sem necessariamente estar presente no lago. E mesmo a presença na lago solicita a compreensão e acesso à esses outros fragmentos.
“Floating Island to Travel Around Manhattan Island” (16’, 2005), ultimo video apresentado, é a documentação da realização póstuma de uma obra de Smithson. Aqui mais uma faceta do trabalho do artista é conhecido: um nonsite (um não-lugar), onde o artista discute a relação dentro/fora, principalmente nos esquemas dos museus, e que nessa obra reconstrói um fragmento do Central Park na forma de uma ilha flutuante, que circulou a ilha de Manhattan em 2005. Aos moradores da cidade, foi possível ter a experiência de perceber um fragmento da cidade deslocado. Território em movimento. Ao apresentar esse fragmento reconstruído, Smithson também lembra que o Central Park original também é algo reconstruído, artificial e não obra pura e simples da natureza.
segunda-feira, maio 21, 2007
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3 comentários:
Infelizmente não pude ir ao encontro de ontem. =/
Vi no seu perfil o blog Cultura em Fluxo, do qual participa minha professora Geane Alzamora
Obs: foi meu namorado Max quem criou a logo do projeto, lá na Voltz.
ASSISTI A UMA PALESTRA DE NELSON BRISSAC ONDE ELE COMENTOU SOBRE A OBRA DE VARISO ARTISTAS E ESTOU PROCURANDO UM ARTIGO OU UM LIVRO QUE TENHA O NOME DE UM FOTOGRAFO QUE FOI AOS MESMOS LOCAIS DOS USA QUE WALKER EVANS FOTOGRAFOU E FEZ UM NOVO ENSAIO COM OS MESMOS LOCIAS. ALGUEM PODE ME JAUDAR COM O NOME DESTE FOTOGRAFO?
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